sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Escola do futuro, Reportagem sobre Ensino,referente ao dia do Professor, por JAISSON VALIM, publicada na Zero Hora do dia 15/10/2006

escola


NASCE A ESCOLA DO FUTURO

O avanço das tecnologias cria um surpreendente fenômeno nas salas de aula brasileiras: os professores voltam os olhares para o passado. Com os computadores cada vez mais acessíveis, a ampliação do acesso à Internet e a criação de novos games eletrônicos educativos, especialistas defendem que os docentes retomem um modelo pedagógico iniciado há quase 2,5 mil anos.

Eles acreditam que o interesse pela escola se restabelecerá quando os professores deixarem de apenas transmitir conteúdos e orientarem os alunos para que descubram o conhecimento por si próprios. O professor terá de despertar no estudante o desejo de pesquisar na Internet, de ir a campo para pesquisas e discutir com a turma – seja na sala de aula ou por meio de um programa de mensagens instantâneas como o MSN. É a versão para o século 21 de um método usado pelo filósofo grego Sócrates – quase cinco séculos antes do nascimento de Cristo – para estimular o aprendizado de seus discípulos.

- Não precisamos mais de um professor que copia, que repete, que é um papagaio, porque a parabólica e o DVD já fazem isso – diz Pedro Demo, docente do departamento de sociologia da Universidade de Brasília e autor do livro Professor do futuro e Reconstrução do Conhecimento.

Com o uso da Internet, alunos superam meta de desempenho

O desafio dos novos docentes é fazer com os estudantes ganhem autonomia para usar os recursos modernos, segundo Gabriel Perissé, Doutor em filosofia da Educação:

- Quando surgiu a TV, diziam “é o fim da cultura”. Com a Internet, è a mesma coisa. Em vez de amaldiçoá-la, precisam aproveitá-la ao máximo.

Professora do Instituto Estadual de Educação Paulo da Gama, na Capital, Sabrina da Luz Muller, 26 anos, segue esse ensinamento, usando o laboratório de informática da escola.

- Sempre que pesquisam na Internet, eles descobrem mais do que a gente pede vibra a professora.

Nem sempre se precisa de máquinas para que os estudantes se envolvam no aprendizado: uma visita à Será para estudar o relevo também permite que eles façam descobertas. Precisamos nos sincronizar com o mundo deles – diz Sabrina.

Reportagem sobre Ensino,referente ao dia do Professor, por JAISSON VALIM, publicada na Zero Hora do dia 15/10/2006, (jaisson.valim@zerohora.com.br).

Veja as tendências da educação


ESCOLA
A escola continuará sendo o principal espaço para atividades de educação, mas empresas e outros locais ampliarão a oferta de aulas .
Cursos e lições à distância ganharão impulso com a popularização da Internet e atenderão especialmente adultos. Quanto mais jovem o aluno, mais tempo ficará dentro da sala de aula para aprender a conviver em grupo.


DISCIPLINAS
Em vez da abordagem de disciplinas de forma isolada, os assuntos terão o enfoque interdisciplinar, como ocorre hoje com os temas que transcendem uma única matéria. As escolas, por orientação do Ministério da Educação, escolhem temas (trânsito, por exemplo) e procuram tratá-lo em diversas disciplinas.
As aulas se desenvolverão a partir de três eixos principais, nas quais se encaixarão as atuais matérias: filosofia (para estimular o pensamento e a criatividade), linguagem (para que o aluno aprenda a se comunicar) e matemática (para desenvolver o raciocínio lógico).
O chamado sistema modular também terá avanço. Em vez de evoluir por séries ou semestres, o estudante ganhará a chance de escolher mais cursos conforme seu perfil até completar o número mínimo de horas. Esse processo se intensificará a partir do Ensino Médio.


METODOLOGIA
Haverá aulas expositivas, nas quais o professor dialogará com os alunos, mas o estudo será forçado na troca de experiências e na realização de pesquisas on line .
O professor estimulará a organização de projetos para que o estudante desenvolva habilidades consideradas fundamentais no século 21. O objetivo é que ele identifique problemas, pesquise, tome decisões e se comunique com eficácia.


SALA DE AULA
Em vez de estudar em um espaço fixo, o estudante se deslocará para diferentes laboratórios, conforme a lição e os recursos tecnológicos necessários a um determinado aprendizado .


PROFESSOR
Terá um novo papel. Em vez de apenas transmitir conhecimentos, ele orientará e motivará os alunos .


QUADRO-NEGRO
Os alunos acompanharão lições por meio de recursos audiovisuais, em vez do tradicional quadro-negro. Eles passarão a freqüentar ambientes virtuais, onde farão simulações. Por meio delas, o estudante reviverá situações históricas, participará de julgamentos em tribunais ou até se transformará num personagem de um romance, como num jogo de videogame ou de RPG .


TEMA DE CASA
Os alunos e professores usarão tecnologias semelhantes ao Kazaa, que permite a troca de músicas pela Internet, para a comunicação virtual. Pelo sistema, compartilharão informações e aplicativos.
Os estudantes terão a chance de rever uma aula, disponível em vídeo, para revisar conteúdos. Também poderão consultar centros de materiais educacionais, que terão atendimento online de tira-dúvidas e oferecerão aos professores o aluguel de salas virtuais ou laboratórios específicos.


CADERNO
Os alunos carregarão, nas mochilas, palm tops que tendem a ter preços tão populares como o celular. Terão um único aparelho que permitirá o acesso à Internet, à gravação e à reprodução de vídeo e áudio - tudo sem fio.


LIVRO DIDÁTICO
Os livros didáticos perderão importância, mas não desaparecerão. Servirão como uma referência para consulta.


AVALIAÇÃO

Os professores, com a participação dos próprios alunos, avaliarão muito mais processos do que resultados.


Fontes: Silvia Fichmann, coordenadora de laboratório da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Demo, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília, Hamilton Werneck, pedagogo, Gabriel Perissé, doutor em Filosofia da Educação, Nihad Bassis, especialista em projetos educacionais baseados em tecnologia, José Manuel Moran, especialista em avaliação de cursos à distância, Nelsi Müller, secretária estadual de Educação.



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